Capivaras azuis são flagradas em córrego de Jundiaí após derramamento de corante
15/05/2025
(Foto: Reprodução) Além dos grandes roedores, patos, gansos e peixes também ficaram azuis. Produto químico atingiu ruas e deixou o leito do córrego no Jardim Tulipas com uma forte coloração azulada. Patos e gansos já foram resgatados e passam por desintoxicação. Capivaras azuis são flagradas às margens de córrego em Jundiaí (SP) onde corante foi despejado
Régis Rosa/TV TEM
Um grupo de capivaras azuis foi flagrado às margens do Córrego das Tulipas, em Jundiaí (SP), depois que um acidente causou o derramamento de corante no local, na terça-feira (13). Além dos grande roedores, patos, gansos e peixes também foram encontrados com a coloração após o desastre ambiental.
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Equipes da Associação Mata Ciliar, entidade que desenvolve diversas ações para a conservação da biodiversidade, estavam em busca da família de capivaras que vive no local. Elas foram flagradas nesta quinta-feira (15) por uma equipe de reportagem da TV TEM.
O produto químico atingiu as ruas e o córrego do bairro Jardim Tulipas após a carreta que transportava o corante bater em um poste e derramar a substância, por volta de meio-dia de terça-feira. O parque da região tem aproximadamente 25 mil metros quadrados e abriga diversas espécies. Imagens captadas por um drone mostram o córrego tomado pelo corante azul (veja abaixo).
O corante é utilizado para tingir embalagens, como caixas de ovos, e possui um odor bastante forte. Segundo apurado pela TV TEM, o motorista estava fora do veículo no momento em que o caminhão se deslocou sozinho e colidiu com o poste.
A Farkon Indústria e Comércio Químico, empresa produtora do corante e responsável pelo transporte, foi procurada pela equipe de jornalismo da TV TEM, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
Capivara azul é flagrada às margens de córrego em Jundiaí (SP) onde corante foi despejado
Régis Rosa/TV TEM
O Ministério Público abriu um inquérito para apurar e acompanhar o caso da contaminação do lago. Além disso, a ocorrência foi registrada no 1º Distrito Policial de Jundiaí como "causar poluição de qualquer natureza". Uma perícia deve ser feita no local, mas ainda sem data definida.
Segundo a prefeitura, a empresa responsável por transportar a carga poderá ser responsabilizada após os órgãos contabilizarem os danos causados à fauna e à flora. A TV TEM questionou a Farkon Indústria e Comércio Químico sobre o transporte do produto, mas não conseguiu retorno até a última atualização desta reportagem.
Imagens de drone mostram córrego azul após carreta bater em poste e derramar corante
Aves socorridas e peixes mortos
A Associação Mata Ciliar informou que três gansos e um pato foram resgatados e passaram por procedimentos de desintoxicação.
Patos e gansos ficaram azuis após carreta derramar corante em córrego de Jundiaí (SP)
Arquivo Pessoal
À TV TEM, a médica veterinária da Mata Ciliar Yasmin Canja disse que, agora, a equipe trabalha para dar banho em todos os animais apenas com água quente ou morna para retirar o corante. Segundo ela, os bichos estão bem, mas serão monitorados.
"Eles estão ativos e se alimentando. A nossa única preocupação é a respeito da substância, porque ainda não sabemos qual a composição dela. A primeira coisa que fizemos foi administrar o carvão ativado, que é uma substância porosa e ajuda a diminuir a toxicidade do produto. O segundo passo é realizar os banhos, já que o corante não sai tão fácil. É preciso retirar porque os patos e gansos limpam as penas com frequência e, neste processo, podem ingerir novamente o produto", explica.
Muitos peixes foram encontrados mortos no local, todos com coloração azul. A Cetesb foi acionada e informou que acompanha o atendimento à ocorrência.
Peixes mortos e com coloração azul foram encontrados no córrego em Jundiaí (SP) após o derramamento de corante
Régis Rosa/TV TEM
"Ações emergenciais foram adotadas para limpeza e contenção do produto, que chegou à via púbica. O impacto do corante no córrego alterou as características da água, como a sua cor, e foi observada a mortandade de peixes."
Impactos estão sendo calculados
Equipes da Defesa Civil e da Cetesb visitaram a empresa responsável pela fabricação do corante, localizada no bairro Engordadouro, em Jundiaí. Segundo a Cetesb, o produto contém ácido acético e apresenta baixa toxicidade. Ao entrar em contato com a água, o corante, que estava concentrado, foi diluído.
"A empresa esteve presente dando orientação técnica sobre o produto. E essas operações serão realizadas pelas equipes da prefeitura, sob orientação dos químicos da empresa. A limpeza será feita com água morna, que vai reduzindo a cor", explicou Domênico Tremaroli, gerente geral da Cetesb.
Em relação às aves, até a noite de quarta-feira, foi apurado que o produto provocou apenas mudança na coloração das penas e que os animais não apresentaram sintomas de intoxicação.
Equipes de ONG se mobilizam para limpar patos e gansos que ficaram azuis em Jundiaí
TV TEM/Reprodução
Contaminação avança
A Cetesb informou que acompanha o atendimento à ocorrência e que"ações emergenciais foram adotadas para limpeza e contenção do produto".
Segundo Tremaroli, o impacto ambiental é grande, mas deve ser amenizado pelos trabalhos de contenção da substância realizados pela autarquia.
"Como o córrego deságua no Rio Jundiaí, a substância já chegou lá. Foram cerca de 2 mil litros de corante despejados na água. Com relação aos animais, não é esperado nenhum efeito maior do que apenas a tintura nas penas. Já na água, nós estamos trabalhando para diminuir o impacto."
Veja local onde derramamento de corante deixou córrego e animais azuis em Jundiaí (SP)
Arte/g1
Duas cidades na região de Jundiaí já se preocupam com a contaminação. A Prefeitura de Indaiatuba informou que a Cetesb alertou todos os municípios localizados no percurso do Rio Jundiaí.
"Indaiatuba imediatamente interrompeu a captação do rio. Na ocasião, o monitoramento local ainda não havia apresentado nenhuma alteração na água. O Saae continua o monitoramento, paralelo ao monitoramento da Cetesb, com o laboratório fazendo coleta e análise de tempos em tempos da água do rio. Assim que todo esse descarte se dissipar e a Cetesb autorizar, a captação poderá ser retomada. O rio Jundiaí não é nosso principal manancial, por isso a interrupção da captação não trouxe nenhum problema para o abastecimento da cidade, que tem outros mananciais para utilizar."
Já a Prefeitura de Itupeva (SP) disse que a equipe da Secretaria do Meio ambiente "fez visita técnica ao Rio Jundiaí na cidade e ainda não chegou água azul por lá. Esse rio não abastece Itupeva, são outras fontes de captação".
Peixes também ficaram azuis e morreram em córrego de Jundiaí (SP) após derramamento de corante
Regis Rosa/TV TEM
Na manhã desta quinta-feira, a Cetesb orientou pela diluição do corante em água. "Além disso, também é realizado o monitoramento contínuo, para garantir a saúde dos organismos aquáticos e animais no local."
A companhia ambiental esclareceu que "o produto vazado é a base de água, não classificado como inflamável ou reagente, usado em fazendas de peixes e camarões, para tratar fungos e parasitas".
Técnicos da Cetesb vão percorrer a calha principal do Rio Jundiaí, em Itupeva e Indaiatuba, para analisar a situação e, se necessário, agendar novas coletas.
Corante que vazou de carreta que bateu em poste deixa córregos e animais azuis em Jundiaí (SP)
Régis Rosa/TV TEM
Peixes também ficaram azuis e morreram em córrego de Jundiaí (SP) após derramamento de corante
Regis Rosa/TV TEM
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